Uma pesquisa feita em 12 pessoas por estudiosos da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, mostrou que o vírus da Aids pode ser eficiente na cura da leucemia – um tipo de câncer. Isso porque, o vírus da Aids altera as células do sistema imunológico, fazendo com que o próprio paciente elimine a doença. Os primeiros resultados positivos da pesquisa foram revelados após a técnica ter sido utilizada em uma menina de sete anos, que já havia passado por sessões de quimioterapia para combater uma leucemia não curada.
Médicos do Hospital Infantil da Filadélfia começaram, em abril deste ano, a usar uma forma deficiente de HIV para reprogramar o sistema de defesa da criança e matar as células cancerosas. A utilização do vírus mostrou-se eficiente na menina, que está a sete meses sem o câncer. Porém, a cura só é considerada total após cinco anos.
A menina foi a primeira criança e um dos primeiros seres humanos a ter sucesso com a nova técnica, que dá ao sistema imune do próprio paciente a capacidade permanente de combater a doença. Três adultos com leucemia crônica também tiveram remissão completa do câncer durante o estudo, e dois deles estão bem há mais de dois anos. Outros quatro adultos melhoraram, mas a doença não desapareceu completamente, e um quinto foi tratado muito recentemente, motivo pelo qual ainda é cedo para ser avaliado. O procedimento só se mostrou ineficaz em três casos: em uma criança que teve uma melhora significativa, mas logo em seguida teve uma recaída e em dois adultos, cujo tratamento não funcionou.
Os pesquisadores revelaram, ainda, que a pesquisa é uma grande promessa no tratamento contra câncer, já que foi testada em pessoas que, aparentemente, estavam sem esperanças de melhora. Ainda conforme os estudiosos, as pesquisas avançam para que o mesmo método possa ser usado contra tumores de mama e próstata. Há ainda, a expectativa de que o uso do vírus HIV, possa, inclusive, substituir o transplante de medula óssea – última esperança para indivíduos com leucemia e doenças similares.
O tratamento do câncer com vírus HIV
Os pesquisadores explicam que a técnica usada nos pacientes consiste em retirar dos pacientes milhões de células T, que são um tipo de glóbulo branco presente no sangue. Nestas células são colocadas uma forma deficiente do HIV, que é boa para transportar material genético nas células T. As células T alteradas, então, multiplicam-se e começam a destruir o câncer.
Os indícios de que o tratamento está dando certo é que o paciente apresenta sinais de febre, calafrios, queda na pressão arterial e problemas nos pulmões. Porém, os médicos e pesquisadores ainda não sabem responder, por exemplo, porque o tratamento parece ser eficiente em alguns pacientes e em outros não, bem como se o corpo dos pacientes precisará passar por alterações permanentes nas células T, para que organismo se veja livre do câncer. Outra questão que precisa ser resolvida é sobre o sistema imunológico do paciente, já que o vírus do HIV mata, também, as células boas, fazendo com que os pacientes fiquem frágeis a certos tipos de infecções.